2.
Tipos de Sistemas
3.
Principais Vantagens e
Desvantagens do Sistema Hidropônico
3.1 Vantagens
3.2 Desvantagens
4.
A Técnica do Filme Nutriente
(NFT)
4.1 Sistema Hidráulico
4.1.1 Reservatório
4.1.2 Escolha do Conjunto Moto-bomba
4.1.3 Regulador de Tempo ou Timer
4.2 Estufas
4.3 Bancadas
4.3.1 Canais de cultivo
4.4 Plantas
que podem ser cultivadas pelo Sistema NFT
5. Aeroponia
5.1 Aeroponia Horizontal
5.2 Aeroponia
Vertical
6. Sistema DFT (Deep Film Technique) ou Floating ou Piscina
7. Nutrição Mineral das Plantas
7.1 Elementos Essenciais
7.3 Solução
Nutritiva
7.3.1
Sugestões de Soluções Nutritivas
7.3.2 Preparo
da Solução Nutritiva
7.3.3 Manejo
da Solução Nutritiva
8. Produção de
Mudas para Hidroponia
9. Doenças e
Pragas na Hidroponia
10. Referências Bibliográficas
1.
Introdução
A Hidroponia é uma técnica bastante difundida em
todo o mundo e seu uso está crescendo em muitos países. Sua importância não é somente
pelo fato de ser uma técnica para investigação hortícola e produção de
vegetais; também está sendo empregada como uma ferramenta para resolver um
amplo leque de problemas, que incluem tratamentos que reduzem a contaminação do
solo e da água subterrânea, e manipulação dos níveis de nutrientes no produto.
A hidroponia ou hidropônica, termos derivados de
dois radicais gregos (hydor, que
significa água e ponos, que significa
trabalho), está-se desenvolvendo rapidamente como meio de produção vegetal, sobretudo
de hortaliças sob cultivo protegido. A hidroponia é uma técnica alternativa de
cultivo protegido, na qual o solo é substituído por uma solução aquosa contendo
apenas os elementos minerais indispensáveis aos vegetais. (Graves, 1983; Jensen e Collins, 1985; Resh,
1996, apud Furlani et. al., 1999).
Apesar do cultivo hidropônico ser bastante antigo,
foi somente em meados de1930 que se desenvolveu um sistema hidropônico para uso
comercial, idealizado por W. F. Gericke da Universidade da Califórnia.
Segundo Donnan (2003), a primeira produção efetiva
de grande escala não ocorreu até a Segunda Guerra Mundial. O exército dos EEUU
estabeleceu unidades hidropônicas por inundação e drenagem, em várias ilhas
áridas dos Oceanos Pacífico e Atlântico, usadas como pontos de aterrissagem.
Isto foi seguido por uma unidade de 22 hectares (55 acres) em Chofu, Japão,
para alimentar com hortaliças frescas as forças de ocupação. No entanto, o uso
desta técnica sobre circunstâncias normais provou não ser comercialmente viável.
Uma vez que Chofu fechou, apenas restaram um punhado de pequenas unidades
comerciais disseminadas ao redor do mundo, totalizando menos de 10 hectares.
Em 1955 foi fundada a Sociedade Internacional de
Cultivo Sem Solo (ISOSC) por um pequeno grupo de dedicados cientistas. Naqueles
primeiros anos, freqüentemente estiveram sujeitos ao ridículo por perseguirem
uma causa que comercialmente foi considerada inútil e irrelevante.
O primeiro uso comercial significativo não ocorreu
até a metade da década de 1960, no Canadá. Existia uma sólida indústria de
estufas de vidro em Columbia Britânica, principal produtor de tomates, que
chegou a ser devastado por enfermidades do solo. Eventualmente, a única opção
para sobreviver foi evitando o solo, pelo uso da hidroponia. A técnica que
usaram foi rega por gotejamento em bolsas de serragem. Os recentes avanços
técnicos também ajudaram especialmente ao desenvolvimento de plásticos e
fertilizantes. No decorrer desta década, houve um aumento de investimento na
investigação e desenvolvimento de sistemas hidropônicos. Também houve um
pequeno aumento gradual na área comercial que estava sendo utilizada.
O seguinte maior avanço veio como resultado do
impacto da crise do petróleo, sobre o custo de calefação da indústria de
estufas em rápida expansão na Europa. Devido ao enorme incremento nos custos da
calefação, os rendimentos chegaram a ser ainda mais importantes, assim os
produtores e investigadores começaram a ver a hidroponia como um meio para
melhorar a produção. Na década de 1970, o cultivo em areia e outros sistemas
floresceram e logo desapareceram nos Estados Unidos. O sistema NFT (Nutrient Film Technique) foi
desenvolvido, assim como o meio de crescimento denominado lã de rocha. Por volta
de 1979, o grande volume de produção em estufas continuou aumentando. A nível
mundial a área hidropônica esteve ao redor de apenas 300 hectares (75 acres).
A detecção de níveis significativos de substâncias
tóxicas nas águas subterrâneas em regiões da Holanda em 1980, resultou no uso
de esterilização do solo em estufas sendo progressivamente proibido. Isto levou
a um rápido abandono do solo, através da hidroponia, a técnica mais popular foi
lã de rocha alimentada por regas por gotejamento.
Seguindo os evidentes êxitos na Holanda, houve uma
rápida expansão na produção hidropônica comercial em muitos países ao redor do
mundo. Utilizando sistemas que diferem amplamente de país a país, a área
mundial hidropônica aumentou cerca de 6.000 hectares (15.000 acres) no ano de
1989. A hidroponia agora foi alterada de uma “curiosidade irrelevante” a uma
significativa técnica hortícola, especialmente em segmentos de flor cortada e
hortaliças para saladas.
Através dos anos 1990, a expansão continuou ainda
que a taxa de incremento tenha diminuído notavelmente no norte da Europa.
Alguns países tais como Espanha, se desenvolveram muito nos últimos anos, e não
sabemos se a área hidropônica de algum país tenha diminuído nesta década.
No lado técnico, estão sendo usados uma ampla gama
de substratos incluindo alguns novos. Se desenvolveram um número de versões
modificadas de técnicas já existentes, mas nenhuma teve maior impacto. Sem
dúvida, os equipamentos de rega e equipamentos de controle e as técnicas têm
melhorado muito, como ter métodos de desinfecção de soluções nutritivas
recirculantes. No entanto, não apareceu uma nova técnica hidropônica
significativa nos últimos 20 anos.
O cultivo sem solo proporciona um bom
desenvolvimento das plantas, bom estado fitossanitário, além das altas
produtividades quando comparado ao sistema tradicional de cultivo no solo.
Quando utiliza apenas meio líquido, associado ou não a substratos não orgânicos
naturais, pode-se utilizar o termo cultivo ou sistema hidropônico (Castellane e
Araujo, 1995).
Segundo
Furlani et. al. (1999), no Brasil, tem crescido nos últimos anos o
interesse pelo cultivo hidropônico, predominando o sistema NFT (Nutriente film
technique). Muitos dos cultivos hidropônicos não obtêm sucesso, principalmente
em função do desconhecimento dos aspectos nutricionais desse sistema de
produção que requer formulação e manejo adequados das soluções nutritivas.
Outros aspectos que interferem igualmente nos resultados relacionam-se com o
tipo de sistema de cultivo. Para a instalação de um sistema de cultivo
hidropônico, é necessário que se conheça detalhadamente as estruturas básicas
que o compõem (Castellane e Araujo, 1994; Cooper, 1996; Faquin et. al., 1996;
Martinez e Silva Filho, 1997; Furlani, 1998). Os tipos de sistema hidropônico
determinam estruturas com características próprias, entre os mais utilizados
estão:
a)
Sistema NFT (Nutrient film technique) ou técnica do fluxo
laminar de nutrientes: composto basicamente de um tanque de solução nutritiva,
de um sistema de bombeamento, dos canais de cultivo e de um sistema de retorno ao
tanque. A solução nutritiva é bombeada aos canais e escoa por gravidade
formando uma fina lâmina de solução que irriga as raízes.
b)
Sistema DFT (Desp film technique) ou cultivo na água ou
“floating”: a solução nutritiva forma uma lâmina profunda (5 a 20 cm) na qual
as raízes ficam submersas. Não existem canais, e sim uma mesa plana em que a
solução circula por meio de um sistema de entrada e drenagem característico.
c)
Sistema com substratos: para a sustentação de hortaliças
frutíferas, de flores e outras culturas, cujo sistema radicular e cuja parte
aérea são mais desenvolvidos, utilizam-se canaletas ou vasos cheios de material
inerte, como areia, pedras diversas (seixos, brita), vermiculita, perlita,
lã-de-rocha, espuma fenólica ou espuma de poliuretano; a solução nutritiva é
percolada através desse material e drenada pela parte inferior dos vasos ou
canaletas, retornando ao tanque de solução.
Na hidroponia, cujos sistemas são mais caros e
exigentes no manejo, as expectativas de produção em quantidade, qualidade e
segurança são maiores do que nas culturas que são produzidas de forma
tradicional. Uma vez que na hidroponia, a planta encontra, em ótimas condições,
os elementos que necessita (água, nutrientes, oxigênio, etc.), pode haver
grandes oscilações de produção, dependendo do controle correto ou incorreto dos
fatores de produção fornecidos à planta.
Como o objetivo do presente trabalho é promover a
técnica, é importante esclarecer que a hidroponia não é estática, não exibe resultados
matemáticos, pois se está trabalhando com vida. O fator biológico é por si só,
variável, dinâmico e está sempre em evolução. Portanto, muito mais se aprenderá
com a prática do que com a simples leitura deste trabalho.
2.
Tipos de Sistemas
A maioria das plantas têm o solo como o meio natural
para o desenvolvimento do sistema radicular, encontrando nele o seu suporte,
fonte de água, ar e minerais necessários para a sua alimentação e crescimento.
As técnicas de cultivo sem solo substituem este meio natural por outro
substrato, natural ou artificial, sólido ou líquido, que possa proporcionar à
planta aquilo que, de uma forma natural, ela encontra no solo (Canovas Martinez
apud Castellane e Araújo, 1995).
Existem diversos tipos de sistemas de cultivo sem
solo variando de acordo com a estrutura, substrato e fornecimento de oxigênio:
a) Sistemas
com meios Inorgânicos
* Lã de Rocha (57%). É um meio
manufaturado por fusão de lã de rocha, o qual é transformado em fibras e
usualmente prensado em blocos e pranchas. Sua principal característica é que
contém muitos espaços vazios, usualmente 97%, isto permite absorver níveis
muito altos de água, enquanto que também um bom conteúdo de ar. A lã de rocha
também é usada freqüentemente como pequenos blocos iniciadores para ser
transplantados em outros substratos ou em sistemas baseados em água. É o
principal meio usado donde existe uma fábrica perto. É um material caro quando
se compara localmente com meios disponíveis mais baratos.
* Areia. Chegou a ser popular como meio hidropônico no início dos
anos 70, especialmente nos EEUU, onde foi desenvolvido camas compridas e
profundas de cultivo de areia. Se estabeleceram grandes unidades no Sul dos
EEUU mas depois fecharam. Também se estabeleceram unidades em vários países
desérticos do Médio Oriente. Esta foi a técnica original usada quando se
estabeleceu o Land Pavilion en Epcot Center de Walt Disney na Flórida. Um
grande problema experimentado com a técnica foi manter sobre controle
enfermidades de raízes, motivo pelo qual agora é raramente usado.
Por anos se usaram
bolsas de areia de certo grau em muitos países; no entanto, têm existido uma
grande onda recentemente em seu uso, devido que está sendo a base de uma rápida
expansão na produção de tomate hidropônico na Espanha.
Areia é um termo geral e
deveria ser especificado mais estreitamente quando se destina para uso
hidropônico. A areia de quartzo é usada, não a de tipo calcário (pedra caliça e
areias de praia), as quais dariam severos problemas de pH. O tamanho da partícula
e simetria também são propriedades importantes.
* Perlita. Feita por aquecimento de lã de rocha em água, a qual se
expande muito para dar partículas aeradas. Primeiro foi usada na Escócia em
torno de 1980, seu uso se difundiu por vários países especialmente onde é
fabricado localmente. Seu uso é significativo mas relativamente menor; na
Coréia seu uso alcança 112 hectares ou 41% da área hidropônica coreana.
* Escória. É uma rocha ligeiramente aerada, natural conhecida com
vários nomes: “tuff” em Israel e “picón” en Ilhas Canárias. Ainda que é um meio
efetivo, é pesado (800 kg/m3) e portanto só é usado onde é um
recurso local.
* Pumecita. É uma rocha vulcânica natural, leve e aerada, a qual é
um bom meio de crescimento. Normalmente é usada onde existe em quantidade
disponível, como em Nova Zelândia. Existem grandes depósitos na Islândia e
recentemente estão sendo exportados para a Europa.
* Argila Expandida. É relativamente cara e tem sido usada
principalmente em hidrocultivo e por estudiosos. Recentemente existe algum uso
comercial limitado na Europa para cultivos de crescimento alto, como as rosas.
* Vermiculita. Foi anunciada anos atrás mas agora não se usa
comercialmente, só em poucas misturas. (Donnan, 2003).
b) Sistemas
com Meios Orgânicos
* Serragem. Foi um dos primeiros meios usados comercialmente, ainda
é usado no Canadá, onde recentemente, só tem sido ultrapassado em popularidade
pela lã de rocha. Também é o principal meio no Sul da África e Nova Zelândia e
é usada em certo grau em outros países, incluindo Austrália. A serragem usada é
grossa, não descomposta, de origem conhecida e se cultiva só para uma estação.
* Musgo. Foi um dos primeiros meios tratados e não é considerado
por alguns como meio hidropônico. É usado em certo grau em muitos países que
possuem uma quantidade disponível de qualidade, e é o principal método usado na
Finlândia e Irlanda. Seu uso é enorme dentro da indústria.
* Fibra de Coco. Recentemente tem sido adicionado favoravelmente
como meio hidropônico. Gozou de alguns primeiros êxito,s mas agora seu uso
parece estar estabelecido. Existe uma quantidade significativa usada na Holanda
e um pequeno uso em outros países. Um aspecto importante é que a qualidade
varia consideravelmente entre provedores, principalmente relacionado a conteúdo
de sais.
* Produtos de Espuma. Se tem usado vários tipos e marcas de espuma,
freqüentemente com bom resultado e alguns por mais de 20 anos, mas seu uso
ainda está limitado. Têm sido vistos pelos produtores como muito caros. Alguns
destes meios ainda têm potencial.
* Produtos de Madeira Processada. Tem-se produzido e vendido este
produto mas seu uso não dá resultado em extensões significativas.
* Gel. Se tem produzido, provado e promovido um determinado número
de polímeros de gel mas a maioria tem desaparecido do mercado sem haver sido
aceitado pelos produtores (Donnan, 2003).
c) Sistemas
Baseados em Água
* NFT (Técnica de
Película Nutriente) (5%). Foi desenvolvido na Inglaterra na década de 1970. Este
sistema recircula uma fina película de solução nutritiva nos canais de cultivo.
Foram provados comercialmente um amplo número de cultivos e, como resultado de
uma ampla difusão publicitária, o NFT foi provado em muitos países. Uma vez que
se estabeleceu, a técnica provou ser útil para a produção de tomates, e para
cultivos de curto crescimento como a alface. Cultivos como o melão tem dado
problemas e no mundo só são produzidos por produtores experientes.
* Cultivo em Água (3%). O sistema Gericke usou um tanque de
concreto cheia de solução nutritiva. Existem muito poucos destes sistemas hoje
em dia, mas alguns derivados deste sistema são significativos em alguns países.
A principal técnica
comercial é a Técnica de Fluxo Profundo (DFT, Deep Flow Technique), onde
pranchas de poliestireno flutuam sobre uma solução nutritiva aerada por
recirculação. Este é o principal sistema no Japão com 270 hectares, de cultivos
de folha principalmente. Outros países onde seu uso é significativo, se
encontram na Ásia, com seu uso predominante em cultivos de hortaliças de folha.
* Cultivo em
Cascalho (1%). Está incluído por sua conexão histórica e é classificado
como um sistema baseado em água porque sempre se usou como uma técnica de
recirculação, como contínuo ou como inundação e drenagem. Existem poucos dos sistemas
de canais originais abandonados no mundo e o uso do cascalho quase todo é em
sistema híbridos. O mais comum é a Técnica de Fluxo em cascalho (GFT, Gravel
Flow Technique), onde os canais de NFT são cobertos com uma capa de 50 mm (2
polegadas) de cascalho.
* Aeroponïa
(0,2%). É uma técnica onde as raízes estão suspendidas em uma neblina de
solução nutritiva. Várias formas desta técnica tem sido provadas por mais de 20
anos. Atraiu muita publicidade e existem um número de sistemas para
aficcionados que estão sendo vendidos. Sua realidade comercial é tal que só se
tem reportado 19 hectares na Coréia. Seu uso está limitado a um punhado de
pequenas operações espalhados pelo mundo.
Quadro 01 – Porcentagem Estimada da Área Total para
Diferentes Sistemas Hidropônicos.
Sistemas Hidropônicos
|
|
Sistemas
|
Porcentagem
|
Lã de rocha
|
57%
|
Outros meios inorgânicos
|
22%
|
Substratos orgânicos
|
12%
|
NFT
|
5%
|
Cultivo em água
|
3%
|
Técnicas em cascalho
|
1%
|
Total
|
100%
|
Fonte: Donnan (2003).
3.
Principais Vantagens e
Desvantagens do Sistema Hidropônico
3.1 Vantagens
· Produção
de melhor qualidade: pois as plantas crescem em um ambiente controlado,
procurando atender as exigências da cultura e com isso o tamanho e a aparência
de qualquer produto hidropônico são sempre iguais durante todo o ano.
· Trabalho
mais leve e limpo: já que o cultivo é feito longe do solo e não são necessárias
operações como arações, gradagens, coveamento, capinas, etc.
· Menor
quantidade de mão-de-obra: diversas práticas agrícolas não são necessárias e
outras, como irrigação e adubação, são automatizadas.
· Não
é necessária rotação de cultura: como a hidroponia se cultiva e meio limpo,
pode-se explorar, sempre, a mesma espécie vegetal.
· Alta
produtividade e colheita precoce: como se fornece às plantas boas condições
para seu desenvolvimento não ocorre competição por nutrientes e água, e além
disso, as raízes nestas condições de cultivo não empregam demasiada energia
para crescer antecipando o ponto de colheita e aumentando a produção.
· Menor
uso de agrotóxicos: como não se emprega solo, os insetos e microorganismos de
solo, os nematóides e as plantas daninhas não atacam, reduzindo a quantidade de
defensivos utilizada.
· Mínimo
desperdício de água e nutrientes: já que o aproveitamento dos insumos em
questão é mais racional.
· Maior
higienização e controle da produção: além do cultivo ser feito sem o uso de
solo, todo produto hidropônico tende a ser vendido embalado, não entrando em
contato direto com mãos, caixas, veículos, etc.
· Melhor
apresentação e identificação do produto para o consumo: na embalagem utilizada
para acondicionamento dos produtos hidropônicos pode-se identificar a marca,
cidade de origem, nome do produtor ou responsável técnico, características do
produto, etc.
· Melhor
possibilidade de colocação do produto no mercado: por ser um produto de melhor
qualidade, aparência e maior tamanho, torna-se um produto diferenciado, podendo
agregar à ele melhor preço e comercialização mais fácil.
· Maior
tempo de prateleira: os produtos hidropônicos são colhidos com raiz, com isso
duram mais na geladeira.
· Pode
ser realizado em qualquer local: uma vez que seu cultivo independe da terra,
pode ser implantado mais perto do mercado consumidor.
3.2 Desvantagens
· Os
custos iniciais são elevados, devido a necessidade de terraplenagens,
construção de estufas, mesas, bancadas, sistemas hidráulicos e elétricos.
Dependência grande de energia elétrica. O negócio para ser lucrativo exige
conhecimentos técnicos e de fisiologia vegetal. Em um sistema fechado, com uma
população alta de plantas, poucos indivíduos doentes podem contaminar parte da
produção. Exige rotinas regulares e periódicas de trabalho (Carmo Jr., 2003).
· O
balanço inadequado da solução nutritiva e a sua posterior utilização podem
causar sérios problemas às plantas. O meio de cultivo deve prover suporte às
raízes e estruturas aéreas das plantas, reter boa umidade e, ainda, apresentar
boa drenagem, ser totalmente inerte e facilmente disponível. Somente materiais
inertes podem entrar em contato com as plantas (toxidez de Zn e de Cu poderão
ocorrer, caso presentes nos recipientes). É essencial boa drenagem para não
haver morte das raízes (Castellane e Araújo, 1995).
· Emprego
de inseticidas e fungicidas: No início do emprego da hidroponia, para fins
comerciais, se propagava que não ocorriam pragas e doenças no referido sistema
de cultivo. Hoje, sabe-se, que se pode ter esses problemas na instalação
hidropônica, embora em muito menor grau em comparação com o sistema
convencional. Entretanto, a decisão quanto ao uso de inseticidas e fungicidas
sempre é muito difícil. Deve-se, sempre, procurar alternativas menos agressivas
à saúde e ao ambiente, evitando, ao máximo, o uso de produtos químicos. Pois,
caso contrário, o método perde um dos atrativos de comercialização (Teixeira,
1996).
· Os
equipamentos necessários para trabalhar as culturas hidropônicas devem ser mais
precisos e sofisticados que para o solo, portanto, mais caros de aquisição,
instalação e manutenção. A falta de inércia dos sistemas hidropônicos torna-os
vulneráveis perante qualquer falha ou erro de manejo. Também a fiabilidade das
instalações e automatismos atuais é alta, não se devendo esquecer que, para um
sistema deste tipo, alguma avaria teria conseqüência muito mais grave que na
agricultura tradicional (www.ep-agricola-torres-vedras.rcts.pt,
2003).
4.
A Técnica do Filme Nutriente
(NFT)
Segundo Bernardes (1997), o sistema NFT é uma técnica
de cultivo em água, no qual as plantas crescem tendo o seu sistema radicular
dentro de um canal ou canaleta (paredes impermeáveis) através do qual circula
uma solução nutritiva (água + nutrientes).
O pioneiro dessa técnica foi Allen Cooper, no
Glasshouse Crop Research Institute, em Littlehampton (Inglaterra), em 1965. NFT
é originário das palavras NUTRIENT FILM
TECHNIQUE, que foi utilizado pelo Instituto inglês para determinar que a
espessura do fluxo da solução nutritiva que passa através das raízes das
plantas deve ser bastante pequeno (laminar), de tal maneira que as raízes não
ficassem totalmente submergidas, faltando-lhes o necessário oxigênio.
Tradicionalmente, o Brasil vem utilizando para a montagem
dos canais telhas de cimento amianto ou tubos de PVC, que são materiais
tradicionais na construção civil brasileira, fáceis de se encontrar e com
preços razoáveis.
No sistema NFT não há necessidade de se colocar
materiais dentro dos canais, como pedras, areia, vermiculia, argila expandida,
palha de arroz queimada; dentro dos canais somente raízes e solução nutritiva.
O sistema NFT funciona da seguinte maneira: a
solução nutritiva é armazenada em um reservatório, de onde é recalcada para a
parte superior do leito de cultivo (bancada) passando pelos canais e recolhida,
na parte inferior do leito, retornando ao tanque, conforme Figura 01 (Teixeira,
1996).
|
Figura 01 – Esquema Básico para Instalação de
Hidroponia no Sistema NFT
4.1 Sistema Hidráulico
O sistema hidráulico é responsável pelo
armazenamento, recalque e drenagem da solução nutritiva, sendo composto de um
ou mais reservatórios de solução, do conjunto moto-bomba e dos encanamentos e
registros (Furlani et. al., 1999).
4.1.1 Reservatório
Os reservatórios ou tanques de solução podem ser
construídos de material diverso, como plástico PVC, fibra de vidro ou de
acrílico, fibrocimento e alvenaria. Os tanques de plástico PVC e de fibra têm
sido os preferidos em virtude do menor custo, facilidade de manuseio e, por
serem inertes, não necessitarem de nenhum tratamento de revestimento interno.
Já os tanques construídos em alvenaria bem como as caixas de fibrocimento
exigem revestimento interno com impermeabilizantes destinados a esse fim. O
mais comumente utilizado e com bons resultados é a tinta betuminosa (Neutrol),
mas pode-se optar pela impermeabilização com lençol plástico preto. Sem esses
cuidados, a solução nutritiva, por ser corrosiva, poderá ser contaminada por
componentes químicos presentes na constituição desses materiais.
O depósito deve, de preferência, ser enterrado em
local sombreado para impedir a ação dos raios solares, além de ser vedado para
evitar a formação de algas e a entrada de animais de pequeno porte. Sua
instalação deve ser preferencialmente abaixo do nível da tubulação de drenagem,
facilitando o retorno da solução por gravidade.
O tamanho do reservatório dependerá do número de
plantas e das espécies que serão cultivadas. Deve-se obedecer ao limite mínimo
de 0,1-0,25 L/planta para mudas, de 0,25-0,5 L/planta para plantas de pequeno
porte (rúcula, almeirão), de 0,5-1,0 L/planta para plantas de porte médio
(alface, salsa, cebolinha, agrião, manjericão, morango, cravo, crisântemo), de
1,0-5,0 L/planta para plantas de maior porte (tomate, pepino, melão, pimentão,
berinjela, couve, salsão, etc.). Quanto maior a relação entre o volume do
tanque e o número de plantas nas bancadas, menores serão as variações na
concentração e temperatura da solução nutritiva. Entretanto, não se recomenda a
instalação de depósitos com capacidade maior que 5.000 L, em vista da maior
dificuldade para o manejo químico (correção do pH e da condutividade elétrica –
CE) e oxigenação da solução nutritiva.
4.1.2 Escolha do Conjunto Moto-bomba
Segundo Teixeira (1996), a potência da bomba a
empregar para o recalque da solução nutritiva é pequena. Para se calcular
pode-se empregar a fórmula seguinte (Castellane e Araújo, 1995):
Vazão
x altura manométrica total
HP motor = ____________________________
75 x 0,90
HP
motor
HP bomba = ________
0,70
A vazão adequada no sistema hidropônico é 1,5 litro/minuto
– 2,0 litros/minuto por canaleta de cultivo. Na fórmula, a vazão é expressa em
litros/segundo e corresponde ao necessário para suprir todas as canaletas
existentes na instalação.
A altura manométrica total é a somatória da altura
geométrica de recalque (distância vertical da entrada da bomba até o ponto de
distribuição superior na bancada) da altura da sucção (distância vertical da
bomba até 20 cm do fundo do reservatório) e das perdas nas tubulações e
acessórios (cerca de 30%).
O conjunto moto-bomba estará ligado ao reservatório,
localizado em nível geométrico inferior ao ponto que liberará a solução
nutritiva para os canais, ou seja, terá a função de recalque da solução
nutritiva, conforme mostrado na Figura 02.
Figura 02 – Esquema de um Sistema Hidráulico.
Para calcular o consumo de energia elétrica do
conjunto moto-bomba basta multiplicar o valor da potência do motor por 0,746 e
obter o valor em Kwh (Kilowatts hora).
Os principais problemas com o conjunto moto-bomba e
suas possíveis causas são:
01.
Mesmo com o motor ligado, a bomba não realiza o trabalho
de sucção. Causas prováveis:
-
Falta de solução nutritiva no reservatório.
-
Não foi retirado o ar de sucção (escova).
-
Entrada de ar nas conexões e acessórios.
-
Giro do eixo do motor com rotação invertida.
-
Tubulação de sucção e rotor de diâmetro pequeno.
-
Entrada de ar pela carcaça da bomba. Apertar parafusos.
02.
Superaquecimento do motor. Causas prováveis:
-
Elementos girantes excessivamente justos, rotor ou eixo
emperrados, atritando com as partes estacionárias.
-
Gaxetas muito apertadas.
-
Ligação elétrica inadequada ou com defeito nos contatos.
-
Baixa tensão na rede.
-
Ocorrência de sobretensão na rede elétrica.
03.
Consumo exagerado de energia elétrica. Causas prováveis:
-
Ocorrência de vazamento de energia devido à presença de carga
inferior à possível.
Defeitos mecânicos como eixo e rotor emperrados,
elementos girantes excessivamente apertados (gaxetas) (Bernardes, 1997).
4.1.3 Regulador de Tempo ou Timer
A circulação da solução nutritiva é comandada por um
sistema regulador de tempo, ou temporizador. Esse equipamento permite que o
tempo de irrigação e drenagem ocorra de acordo com a programação que se deseja.
Existem no mercado temporizadores mecânicos com intervalos de 10 por 10 ou 15
por 15 ou 20 por 20 minutos e temporizadores eletrônicos com intervalos
variados de segundos a minutos.
O tempo de irrigação varia muito entre os sistemas,
bancadas, regiões, tipos de cobertura, variedade cultivada e época do ano, não
havendo regra geral. Em locais quentes, durante o verão, o sistema deverá
permanecer ligado ininterruptamente durante as horas mais quentes do dia, ao
passo que no mesmo local, no inverno, esse manejo será diferente. Quando se usa
a irrigação contínua durante o período mais quente do dia, deve-se tomar
cuidado para que haja aeração adequada da solução nutritiva para evitar
deficiência de oxigênio no sistema radicular.
Durante o período noturno, o sistema pode permanecer
desligado ou com duas a três irrigações de dez a quinze minutos espaçadas de
quatro a cinco horas (Furlani et. al., 1999).
Aconselha-se estudar bem o local a ser implantada a
hidroponia (região mais quente ou mais fria), pois é isso que vai decidir com
exatidão os tempos de circulação e descanso do sistema (Alberoni, 1998).
Uma instalação básica, para o funcionamento de uma
banca de crescimento (que facilmente pode se multiplicar) pode ser visualizada
abaixo, conforme Figura 03 (Bernardes, 1997).
|
Figura 03 – Funcionamento do Sistema Hidráulico.
4.2 Estufas
Segundo Alberoni (1998), vários modelos de estufas
são utilizados na produção hidropônica, entre eles: capela, arco e serreada, que
podem ser conjugados ou não.
|
O modelo mais utilizado é a capela (duas águas), que
fornece amplo espaço interno, com bom escoamento da água das chuvas e boa
proteção interna. Dependendo do tamanho da estufa podem ser colocadas várias bancadas
no seu interior, conforme Figura 04.
|
Figura 04 – Modelo de estufa com possibilidade de
abrigar quatro bancadas ao mesmo tempo.
Alguns produtores utilizam o modelo de estufa individual.
A estufa tem a medida exata da bancada e possibilita um maior arejamento do
sistema, mas tem a desvantagem de dificultar os trabalhos em dias de chuva. Uma
estrutura bem simples, porém muito prática é a da Estação Experimental de
Hidroponia de Charqueada (SP), inspirada no modelo do engenheiro Shigeru Ueda,
conforme ilustrado na Figura 05.
Figura 05 – Modelo de Estufa Individual.
Fonte: Bernardes (1997).
Para a cobertura das estufas recomenda-se a utilização
de filme plástico aditivado anti-UV e antigotejo, com espessuras de 75 m, 100
m
ou 150 m.
O filme plástico antigotejo é de extrema importância, pois evita que o acúmulo
interno de água caia em forma de gotas sobre as plantas e faz com que a água
escorra pelas laterais da estufa. Assim, evitam-se a contaminação e a
propagação de diversos patógenos, principalmente os fúngicos (Alberoni, 1998).
No Brasil, a maioria das estufas hidropônicas não é
climatizada.
Dentre os fatores ambientais que podem afetar o
cultivo hidropônico, destaca-se a temperatura. Segundo Bernardes (1997), nas
regiões mais quentes a utilização de estufas com pé-direito acima de 2,5 metros
é recomendável, para proporcionar uma maior ventilação natural interna e para
diminuir a temperatura do interior da estufa.
Telas de sombreamento também são utilizadas, no alto
das casas de vegetação, na tentativa de diminuir a insolação direta e amenizar
a temperatura interna.
4.3 Bancadas
As bancadas ou mesas de cultivo é onde são colocadas
as mudas, ou seja, onde vai ocorrer o plantio propriamente dito. As plantas
permaneceram nas bancadas até a sua colheita.
Segundo
Furlani et. al. (1999), as bancadas para a técnica hidropônica são
compostas de suportes de madeira ou outro material, os quais formam uma base de
sustentação para os canais de cultivo, que podem ser de diversos tipos.
As dimensões das bancadas normalmente obedecem a
certos padrões, que podem variar de acordo com a espécie vegetal e com o tipo
de canal utilizado. No que se refere à largura, a bancada deve ter: até 1,0 m
de altura e 2,0 m de largura para mudas e plantas de ciclo curto (hortaliças de
folhas) e até 0,2 m de altura e 1,0 m de largura para plantas de ciclo longo
(hortaliças de frutos). Essas dimensões são suficientes para uma pessoa
trabalhar de maneira confortável nos dois lados da mesa, facilitando-lhe as
operações de transplante, os tratamentos fitossanitários, quando necessários,
os tratos culturais, a colheita e a limpeza da mesa.
É necessária uma declividade de 2 a 4% no
comprimento dos canais que conduzem a solução nutritiva. Além disso, é
recomendável que o comprimento da bancada não ultrapasse 15 metros, quando se
utilizar 1,0 litro/minuto de solução nutritiva por canal, devido,
principalmente, à possibilidade de escassez de oxigênio dissolvido na solução
no final da banca. Quando a solução nutritiva apresenta baixos níveis de 02,
pode ocorrer a morte dos meristemas radiculares, pequena ramificação das raízes
e baixa absorção dos nutrientes, ocasionando um crescimento mais lento com
redução de produção ao longo do tempo (Bernardes, 1997).
4.3.1 Canais de cultivo
O material utilizado na confecção dos canais deve
ser impermeável ou impermeabilizado para não reagir com a solução nutritiva. No
Brasil, vêm-se utilizando para a montagem dos canais telhas de cimento amianto
ou tubos de PVC, que são materiais muito usados na construção civil, fáceis de
se encontrar e com preços razoáveis. Também, mais recentemente, têm sido usados
tubos de polipropileno de formato semicircular.
a)
Telhas de cimento
amianto
Podem ser usadas telhas
de amianto com ondas rasas (2,5 cm de altura e espaçadas a 7,5 cm), indicadas
para produção de mudas ou para algumas culturas de pequeno porte (rúcula,
agrião, etc.) servindo para condução das plantas até a fase de colheita. As
telhas com ondas maiores (5 cm de altura e espaçadas a 18 cm) também são
utilizadas para o cultivo de plantas de ciclo curto (alface, salsa, morango,
etc.). Constrói-se a bancada, colocando-se as telhas de maneira a ficar com as
extremidades encostadas umas nas outras ou sobrepostas. Após montada, a bancada
é revestida com filme plástico para que a solução nutritiva seja conduzida de
forma perfeita e para prevenir vazamentos. Em cima da bancada, para sustentação
das plantas, são utilizadas placas de isopor, preferencialmente com espessura
de 15 a 20 mm. Essas placas devem ser vazadas com furos de 50 mm de diâmetro
(Figura 06) e espaçamento entre os furos de 18 cm x 20 cm.
|
Figura 06 – Telha de cimento amianto com placas de isopor
Fonte: Bernardes (1997).
b)
Tubos de PVC
Segundo Furlani et. al. (1999), os
canos de PVC utilizados para esgoto (tubos brancos ou pretos) ou para irrigação
(azuis) são ainda os mais encontrados em sistemas hidropônicos NFT. Serrando-se
os canos ao meio, obtêm-se dois canais de cultivo com profundidade igual à
metade do diâmetro do tubo (Figura 07). Pode-se unir quantos canais forem
necessários, utilizando-se, para tanto, cola para encanamentos, silicone e, se
necessário, arrebites.
Os canais de PVC servem
para todas as fases de desenvolvimento das hortaliças mais cultivadas. Para
mudas utilizam-se os tubos de 40-50 mm; para fase intermediária, os de 75-100
mm, e para a fase definitiva ou produção, os de 100-200 mm, dependendo da
espécie cultivada.
|
Figura 07 – Bancada de canos de PVC, mostrando também a
canaleta de retorno de solução e a fixação do suporte das plantas na bancada.
No detalhe, a união dos tubos.
O inconveniente desse sistema é a formação de algas
dentro dos canos, em função da luz que penetra por eles (Alberoni, 1998).
Os tubos de PVC podem ser usados inteiros com furos
na parte superior dos mesmos. Eles dispensam qualquer tipo de sustentação para
as plantas já que são fechados, fornecendo o apoio suficiente para a maioria
das plantas.
De acordo com Furlani et. al. (1999), a lâmina usada
para confeccionar as embalagens tipo longa vida (TetraPark®) tem sido empregada
com sucesso na cobertura de mesas de cultivo e sustentação das plantas. É um
produto relativamente barato e de excelente durabilidade. É de fácil limpeza,
tem boa capacidade de isolamento térmico e resiste aos raios solares.
c)
Tubos de
Polipropileno
Apresentam formato
semicircular e são comercializados nos tamanhos definidos pelo diâmetro em:
pequeno (50 mm), médio (100 mm) e grande (150 mm), já contendo furos para a
colocação das mudas no espaçamento escolhido (Figura 08). Embora de uso muito
recente, têm apresentado bons resultados práticos tanto para mudas, como para
plantas maiores ou mesmo para culturas de maior porte, tendo comportamento
semelhante ao obtido com tubos de PVC, com exceção da limpeza que é mais
difícil. Para alface e rúcula, têm sido instalados na posição normal, ou seja,
com a parte chata para cima, o que dá maior apoio para as folhas. Para plantas
frutíferas, de porte maior, pode-se optar por instalá-los com a parte achada
para baixo, o que propicia maior área para o desenvolvimento do sistema
radicular. Por serem de polipropileno, dispensam revestimento interno, são mais
fáceis de emendar pois já vêm com os encaixes e apresentam todas as vantagens
dos tubos de PVC.
|
Figura 08 – Perfis hidropônicos nas duas posições utilizadas.
Fonte: Furlani et. al.
(1999).
4.4 Plantas
que podem ser cultivadas pelo Sistema NFT
A Alface é a mais cultivada, mas pode-se encontrar
nos sistemas de cultivo sem solo: rúcula, feijão-vagem, repolho, couve, salsa,
coentro, melão, agrião, pepino, berinjela, pimentão, tomate, arroz, morango,
forrageiras para alimentação animal, mudas de plantas frutíferas e florestais,
plantas ornamentais, etc; teoricamente, qualquer planta pode ser cultivada no
sistema.
Um experimento recente foi desenvolvido IAC-Frutas (Instituto
Agronômico de Campinas), estudando o enraizamento de mini-estacas de
maracujá-amarelo por meio de hidroponia em espuma fenólica pelo sistema NFT.
Segundo Meletti et. al., (2003), com o objetivo de
melhorar o aproveitamento de plantas matrizes, foi investigada no IAC a
possibilidade de se reduzir o tamanho das estacas, economizando, assim,
material selecionado, quer seja de matrizes de elite de lotes experimentais e
de plantações comerciais, como até de espécies silvestres em fase de extinção.
Usando o método convencional de estaquia em areia
não foi possível obter o enraizamento de estacas com uma ou duas gemas, porque
elas secavam muito rapidamente, antes mesmo de enraizar. Isso só foi conseguido
com a técnica de hidroponia em espuma fenólica.
Os experimentos foram realizados em Monte Alegre do
Sul (SP). Foram preparadas estacas mais curtas, com uma ou duas gemas e apenas
uma meia-folha, com cerca de 5 a 8 cm de comprimento. As mini-estacas foram
colocadas para enraizar no centro dos cubos de espuma fenólica, de
aproximadamente 20 mm de arestas, previamente umedecidas com água. Estes, por
sua vez, foram transferidos para uma bancada de hidroponia de produção de mudas
na horizontal, em estufa.
Foi detectado o início da formação de calos 10 dias
depois da colocação das mini-estacas em espuma fenólica, sendo que depois de 18
dias, calos radiculares encontram-se completamente formados e visíveis. O
início do enraizamento foi observado aos 24 dias e o enraizamento completo, 37
dias depois da instalação do sistema. Houve, portanto, uma redução de 25 dias
no período necessário ao enraizamento das estacas, em relação ao sistema
tradicional, podendo-se antecipar em igual período o transplante das estacas
para sacos plásticos. Foi observado, também, um índice de 100% de enraizamento
em todas as cultivares testadas, mostrando que não há efeito de cultivares no
processo.
Concluiu-se que a hidroponia pode ser adotada com
vantagens na estaquia de matrizes comerciais, de campos com escassez de plantas
superiores, economizando material propagativo, sem perda de qualidade e com
bons índices de aproveitamento. Poderá vir a ser, também, uma efetiva
contribuição à multiplicação de passifloras nativas, em processo de extinção
pelo desmatamento, desde que se repita com elas o comportamento obtido com o
maracujazeiro-amarelo. Em programas de melhoramento genético, pode ser uma
ferramenta muito útil na multiplicação de plantas estratégicas, resultantes de
cruzamentos controlados.
5. Aeroponia
Com o intuito de se conseguir maior produtividade e
melhoria na eficiência e qualidade de produção em sistemas hidropônicos, têm se
desenvolvido outros métodos alternativos de cultivo.
A aeroponia é uma técnica de cultivo sem solo que
consiste em cultivar as plantas suspensas no ar, tendo como sustentação canos
de PVC que podem ser dispostos no sentido horizontal ou vertical, permitindo um
melhor aproveitamento de áreas e a instalação de um número maior de plantas por
metro quadrado de superfície da estufa, obtendo-se, assim, um aumento direto de
produtividade.
Nesse sistema não é utilizado nenhum tipo de
substrato, sendo que as raízes, protegidas da luminosidade dentro dos canos,
recebem a solução nutritiva de forma intermitente ou gota a gota, de acordo com
esquema previamente organizado. Há casos de aeroponia, nos quais, a solução
nutritiva é nebulizada ou pulverizada sobre as raízes.
5.1 Aeroponia Horizontal
Segundo Teixeira (1996),
aeroponia horizontal consiste fundamentalmente em cultivar as plantas em tubos de
plásticos (PVC) de 12 a 15 cm de diâmetro, em cujo interior passa a solução
nutritiva. Os tubos são colocados com inclinação de 1-3%. A solução entra pela
parte mais alta do tubo saindo pela outra extremidade. As mudas são colocadas,
nos tubos de PVC, em perfurações de 3-4 cm de diâmetro e no espaçamento
indicado à cultura. Os tubos, (Figura 09), são colocados em grupos formando
linhas seguidas. Os grupos são colocados um em cima dos outros, a 1 m de
distância, como se fossem andaimes. O apoio é feito em estruturas metálicas ou
de madeira, de preferência, móveis.
|
Figura 09 – Instalação Aeropônica Horizontal
O principal inconveniente na utilização deste sistema
está na impossibilidade da exploração de culturas que necessitem de
sustentação, como é o caso do tomate, pimentão, pepino e outros, isto limita o
seu uso no caso de rotação de cultura.
5.2 Aeroponia
Vertical
Neste sistema se cultivam plantas em colunas (tubos
de PVC de quatro polegadas), de cerca de 2 m de comprimento. Esses tubos
recebem perfurações para adaptação das mudas. As colunas são dispostas
paralelamente, deixando-se espaços de 1,40 m entre elas, formando grupos. Entre
os grupos se deixa o espaçamento de 1,80 m. Maneja-se a formação de grupos de
modo que a luminosidade e a temperatura sejam as desejáveis para boa
produtividade.
A solução nutritiva entra
pelo alto da coluna, passa ao longo da mesma, é recolhida na parte inferior, é
filtrada e retorna ao reservatório. O processo inclui, como nos anteriores,
bomba para recalque da solução, “timer” programador e reservatório de solução
nutritiva. A Figura 10 ilustra o método. (Teixeira, 1996).
|
Figura 10 – Esquema da Instalação de Hidroponia Vertical
Utilizada na Europa desde a década de 70, a técnica
foi adaptada à realidade brasileira pelos agrônomos Flávio Fernandes e Pedro
Roberto Furlani, pesquisadores da Estação Experimental de Agronomia de Jundiaí
do Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Comparando a hidroponia vertical aos
sistemas tradicional e de hidroponia em bandejas horizontais, segundo os
pesquisadores, os resultados obtidos, tanto em produtividade como sanidade são
melhores, o que compensa os custos de implantação e produção mais altos.
Ocupando espaços iguais na estufa, a produção na hidroponia vertical foi 100%
superior à da horizontal e 120% maior do que a de canteiro. Em um plantio
comercial com hidroponia vertical realizado em Jundiaí (SP) os agrônomos do IAC
observaram também redução nos gastos de água e energia, enquanto a aplicação de
defensivos agrícolas teve queda de até 90%.
Mesmo adotando cuidados sanitários como a proteção
dos canteiros com plástico, o que impede
o contato direto dos frutos com o solo, dificilmente os produtores conseguem
evitar a contaminação e o desgaste da terra nos cultivos tradicionais de
morango. Os frutos próximos ao chão também estão sujeitos ao ataque de pragas e
doenças e até o próprio peso do morango pode prejudicar sua sanidade e
apresentação. Uma nova técnica, entretanto, pode resolver parte desses
problemas. Trata-se do cultivo hidropônico de morango em estruturas verticais.
Nos casos em que foi necessário fazer o controle de pragas e doenças, apenas as
plantas atacadas receberam pulverização. Outra grande vantagem da nova técnica
é que os morangos podem ser colhidos em estágio mais avançado de maturação, o
que garante frutos mais saborosos. Além disso, as perdas são menores e o trabalho
de colheita muito mais fácil que no sistema tradicional. As mudas formadas
junto à planta-matriz, suspensas no ar, também podem ser utilizadas para novos
plantios, o que não ocorre nos cultivos convencionais por causa do risco de
contaminação do solo.
Na hidroponia vertical as mudas de morango são
plantadas em compridas sacolas ou tubos de polietileno cheios com casca de
arroz carbonizada e irrigadas com uma solução nutritiva. De acordo com os
pesquisadores, a casca de arroz funciona como suporte para as plantas fixarem
as raízes e também para reter o alimento líquido. As medidas mais indicadas são
altura de 2 metros e diâmetro de 20 centímetros. O espaçamento é de 1 metro
entre cada tubo e de 1 metro entre as fileiras. Geralmente são 28 mudas por tubo,
sete grupos de quatro mudas planadas diametralmente. Para introduzir as mudas
deve-se fazer pequenos orifícios em X no plástico. O substrato precisa estar
encharcado (apenas com água) e as plantinhas colocadas num ângulo de 45 graus.
A irrigação com a solução hidropônica varia de acordo com o estágio de
desenvolvimento da planta, com volume de 3 a 6 litros diários por tubo. Com o
tempo, o produtor sabe dimensionar, sem desperdício, a quantidade necessária.
Outro cuidado é garantir que todas as mudas recebam raios solares em
quantidades iguais. (www.vivaverde.agr.br).
6. Sistema DFT (Deep film technique) ou Floating ou Piscina
O sistema de piscinas é muito usado para a produção
de mudas, como por exemplo, de alface. Nessa piscina são colocadas as bandejas
de isopor, deixando correr uma lâmina de solução nutritiva (aproximadamente de
4 a 5 cm) suficiente para o desenvolvimento do sistema radicular das mudas,
mantendo o substrato úmido e permitindo a absorção dos nutrientes.
Segundo
Furlani et. al. (1999), no sistema DFT não existem canais, mas sim uma
mesa ou caixa rasa nivelada onde permanece uma lâmina de solução nutritiva. O
material utilizado para sua construção pode ser madeira, plástico ou fibras
sintéticas (em moldes pré-fabricados).
A altura da lateral da caixa de cultivo deve ser de
10 a 15 cm, dependendo da lâmina desejada, que normalmente varia de 5 a 10 cm.
O suporte da mesa também pode ser de madeira ou de outro material, como
descrito para as bancadas do sistema NFT. Para a manutenção da lâmina de
solução, deve-se instalar um sistema de alimentação e drenagem compatível, ou
seja, a drenagem sempre maior ou igual à entrada de solução, para manter
constante o nível da lâmina.
No sistema DFT as raízes das plantas permanecem
submersas na solução nutritiva por todo o período de cultivo, por isso a
oxigenação da solução merece especial atenção, tanto no depósito quanto na
caixa de cultivo. A instalação de um “venturi” na tubulação de alimentação
(Figura 11) permite eficiente oxigenação na lâmina de solução.
Para as mesas pré-fabricadas em material plástico ou
fibras de vidro e com revestimento interno não é necessária a
impermeabilização, mas naquelas feitas de madeira deve-se cobrir o fundo e as
laterais com dois filmes plásticos, sempre o preto por baixo e o de polietileno
tratado contra radiação UV por cima, para conferir resistência aos raios
solares.
|
Figura 11 – Mesa de “floating” mostrando as
opções de drenagem e alimentação laterais ou de fundo.
7. Nutrição Mineral das Plantas
Um dos princípios básicos para produção vegetal,
tanto no solo como sobre sistemas de cultivo sem solo (hidroponia) é o
fornecimento de todos os nutrientes de que a planta necessita.
O solo que sustenta as raízes das plantas também é
importante para fornecer oxigênio, água e minerais. Ele é formado por
partículas de minerais e material orgânica, e apresenta poros e microporos que
ficam cheios de água e ar. Nesta água estão dissolvidos sais formando a solução
do solo, que leva os nutrientes para as plantas.
Em um meio sem solo, as plantas também deverão
suprir as mesmas necessidades, assim, para entender as relações das plantas em
um sistema hidropônico deve-se ter em conta as relações que existem entre seu
crescimento e o solo.
Se no meio em que a planta crescer houver um
desequilíbrio de nutrientes, sua produção será limitada. Por exemplo, se o
pimentão tiver à sua disposição uma quantidade de fósforo muito menor do que
ele precisa para produzir bem, não adianta ter níveis adequados dos outros
nutrientes ou acrescentar mais destes, enquanto não for corrigida a deficiência
de fósforo. O pimentão não produzirá de acordo com o seu potencial, isto vale
para qualquer fator essencial ao crescimento das plantas, como a água, por exemplo.
Não adianta adubar bem a planta, se não houver água suficiente para o seu
crescimento. Daí a necessidade de fornecer todos os elementos de que as plantas
necessitam, feita de acordo com as exigências de cada cultura.
7.1 Elementos Essenciais
Diversos elementos químicos são indispensáveis para
o crescimento e produção das plantas, num total de dezesseis elementos, sendo
eles:
Carbono
|
C
|
Magnésio
|
Mg
|
Hidrogênio
|
H
|
Manganês
|
Mn
|
Oxigênio
|
O
|
Ferro
|
Fe
|
Nitrogênio
|
N
|
Zinco
|
Zn
|
Fósforo
|
P
|
Boro
|
B
|
Potássio
|
K
|
Cobre
|
Cu
|
Enxofre
|
S
|
Molibdênio
|
Mo
|
Cálcio
|
Ca
|
Cloro
|
Cl
|
Segundo Alberoni (1998), entre os elementos citados,
existe uma divisão, conforme sua origem:
·
Orgânicos: C, H, O
·
Minerais:
-
macronutrientes: N, P, K, Ca, Mg, S;
-
micronutrientes: Mn, Fe, B, Zn, Cu, Mo, Cl.
Essa divisão, entre macro e micro, leva em
consideração a quantidade que a planta exige de cada nutriente para o seu
ciclo.
As plantas têm, em sua constituição, em torno de 90
a 95% do seu peso em C, H, O. Mas esses elementos orgânicos, não constituem
problemas, pois provêem do ar e da água, abundantes em nosso sistema. Diante
disso, deve-se dar grande ênfase para os elementos minerais, que são os que
irão compor a solução nutritiva.
Segundo
Furlani et. al. (1999), recentemente, o níquel (N) entrou para o rol dos
elementos essenciais por fazer parte da estrutura molecular da enzima urease,
necessária para a transformação de nitrogênio amídico em mineral. Todavia, a
quantidade exigida pelas plantas deve ser inferior à de molibdênio.
Além desses nutrientes, outros elementos químicos
têm sido esporadicamente considerados benéficos ao crescimento de plantas, sem
contudo atender aos critérios de essencialidade. Como exemplo, pode-se citar o
sódio (Na) para plantas halófitas, o silício (Si) para algumas gramíneas e o
cobalto (Co) para plantas leguminosas fixadoras de nitrogênio atmosférico.
De acordo com a redistribuição no interior das
plantas, os nutrientes podem ser classificados em três grupos: móveis (NO3,
NH4+, P, K e Mg) intermediários (S, Mn, Fe, Zn, Cu e Mo)
e imóveis (Ca e B). Essa classificação é muito útil na identificação de sintomas
de deficiência de um determinado nutrientes. Por exemplo, os sintomas de falta
de N e de B ocorrem em partes mais velhas (folhas velhas) e mais jovens da
planta (pontos de crescimento) respectivamente.
Em cultivos hidropônicos a absorção é geralmente
proporcional à concentração de nutrientes na solução próxima às raízes, sendo
muito influenciada pelos fatores ambientes, tais como: salinidade, oxigenação,
temperatura, pH da solução nutritiva, intensidade de luz, fotoperíodo,
temperatura e umidade do ar (Adams, 1992 e 1994 apud Furlani et. al. 1999).
Cada um dos macronutrientes e dos micronutrientes
exerce pelo menos uma função dentro do ser vegetal e a sua deficiência ou
excesso provoca sintomas de carência, ou de toxidez, característicos. A tabela
01 resume alguns dos papéis desempenhados pelos nutrientes na vida da planta.
As tabelas 02 e 03 mostram os sintomas típicos de deficiência e de excesso,
respectivamente. (Teixeira, 1996).
Tabela 01 – Funções dos nutrientes de plantas
Nutrientes
|
Funções
|
Nitrogênio
|
Participa das proteínas,
ácidos nucleicos e das clorofilas; é ligado à formação de folhas.
|
Fósforo
|
Participa dos
nucleotídeos, ácidos nucléicos e de membranas vegetais. Interfere no metabolismo
das plantas como fonte de energia. É importante para o enraizamento, floração
e frutificação.
|
Potássio
|
Ativador enzimático, atua
na fotossíntese (formação de açúcares). Translocação de açúcares nas plantas,
influencia na economia de água e na resistência ao acamamento, a pragas, a
doenças, ao frio e à seca.
|
Cálcio
|
Constituinte da parede
celular, ajuda na divisão celular, atua como ativador enzimático.
|
Magnésio
|
Integra a molécula da clorofila,
é ativador enzimático e aumenta a absorção de Fósforo.
|
Enxofre
|
Constituinte das proteínas
e clorofila, de vitaminas e óleos essenciais, importante para fixação de
Nitrogênio.
|
Boro
|
Participa do processo de
síntese do ácido indolacético (hormônio vegetal), dos ácidos pécticos (parede
celular), dos ácidos ribonucleicos, das proteínas e do transporte de açúcar
nas plantas.
|
Cloro
|
Participa do processo
fotossintético.
|
Cobre
|
É ativador enzimático; influencia
na respiração, na fotossíntese e no processo de fixação nitrogenada.
|
Ferro
|
Ativador enzimático;
importante na síntese da clorofila e dos citocromos, influencia a respiração,
fotossíntese e fixação do Nitrogênio.
|
Manganês
|
Ativador enzimático e
participa da fotossíntese e da respiração (como ativador enzimático).
|
Níquel
|
Ativador da encima urease
(que faz a hidrólise da uréia nas plantas).
|
Molibdênio
|
Influencia no processo da redução
de Nitrato no interior das plantas e da fixação do Nitrogênio por
leguminosas.
|
Zinco
|
Ativador enzimático,
síntese do ácido indolacético.
|
Tabela 02 – Sintomas visuais gerais de deficiência nutricional
em vegetais (adaptado de MALAVOLTA, 1980)
1
– Sintomas iniciais em
folhas mais velhas.
1.1
– Com verde clara (esmaecida) na folha, abrangendo nervuras e limbo.
Com a evolução da carência passa a clorose seguido de seca e queda das
folhas.
........................................................................................................
NITROGÊNIO
1.2
– Inicialmente diminuição do crescimento da planta, desenvolvimento
de cor verde escura, seguida de manchas pardas, pardo amareladas, pardo avermelhadas.
Porte reduzido, pouco enraizamento
.............................................................. FÓSFORO
1.3
– Clorose em margens e pontas das folhas que, com o progresso da
deficiência, evolui para queimadura; atingindo toda a folha ...................................
POTÁSSIO
1.4
– Clorose interneval mantendo-se as nervuras verdes
.......................... MAGNÉSIO
2
– Sintomas iniciais em
folhas mais novas.
2.1 – Morte de pontas de
crescimento, internódios curtos, superbrotamento (tufos de folhas), folhas
deformadas e pequenas
......................................................... BORO
2.2 - Folhas flácidas, por vezes gigantes,
clorose reticulada................................. COBRE
2.3 – Clorose interneval
com reticulado fino, evoluindo para folha toda amarela
.....................................................................................................................
FERRO
2.4 – Clorose interneval com reticulado grosso
......................................... MANGANÊS
2.5 – Folhas pequenas,
internódios curtos e superbrotamento e, por vezes, clorose
..................................................................................................................... ZINCO
2.6 – Folhas deformadas,
com morte de pontos de crescimento e clorose nas pontas
.................................................................................................................. CÁLCIO
2.7 – Cor verde clara na
folha. Clorose generalizada ...................................... ENXOFRE
3 – Sintomas iniciais em folhas recém-maduras ou folhas mais novas.
3.1
– Amarelecimento em
manchas ou generalizadas, folhas deformadas por má formação no limbo
.......................................................................................... MOLIBDÊNIO
4– Sintomas iniciais em folha s mais velhas ou mais novas.
4.1 – Murcha, clorose e bronzeamento das folhas
................................................ CLORO
|
Tabela 03 – Sintomas visuais gerais de
excesso de nutrientes em vegetais(adaptado de MALAVOLTA et. al., (1989)
Nutrientes
|
Funções
|
Nitrogênio
|
Em geral, não-identificados.
Atraso e redução de floração e frutificação e acamamento.
|
Fósforo
|
Indução de deficiência de
Cobre, Ferro, Manganês e Zinco.
|
Potássio
|
Indução de deficiência de
Cálcio e/ou Magnésio provavelmente.
|
Cálcio
|
Indução de deficiência de
Magnésio e/ou Potássio provavelmente.
|
Magnésio
|
Indução de deficiência de
Potássio e/ou Cálcio provavelmente.
|
Enxofre
|
Clorose interneval em
algumas espécies.
|
Boro
|
Clorose reticulada e
queima das margens das folhas de ápice para a base.
|
Cloro
|
Necrose das pontas e
margens, amarelecimento e queda das folhas.
|
Cobre
|
Manchas aquosas e depois
necróticas nas folhas. Amarelecimento das folhas, da base para o ápice,
seguindo a nervura central.
|
Ferro
|
Manchas necróticas nas folhas,
manchas amarelo-parda.
|
Manganês
|
Deficiência de Ferro
induzida, depois manchas necróticas ao longo do tecido condutor.
|
Molibdênio
|
Manchas amarelas
globulares do ápice da planta.
|
Zinco
|
Indução de carência de
Fósforo e ou Zinco.
|
7.2 A água
Em cultivo sem solo, a qualidade da água é
fundamental, pois nela estarão dissolvidos os minerais essenciais, formando a
solução nutritiva que será a única forma de alimentação das plantas. Além da
água potável e de poço artesiano, pode-se utilizar água de superfície e água
recolhida de chuvas. (Lejeune e Balestrazzi, 1992 apud Castellane e Araújo,
1995).
Quanto melhor a qualidade da
água menos problemas. A análise química (quantidade de nutrientes e salinidade)
e microbiológica (coliformes fecais e patógenos) é fundamental. O recomendável
é enviar amostras para empresa que costuma fazer análise para produtores
hidropônicos.
Os parâmetros que devem ser
considerados são: cabornatos, sulfatos, cloretos, sódio, ferro, cálcio,
magnésio e micronutrientes (Cl ativo, Mn, Mo, B, Zn, Cu).
Se a água contém boa
quantidade de Ca ou B, por exemplo, este valor deve ser descontado no momento
de adicionar os adubos na solução. Tem-se recomendado que este desconto deve
acontecer quando o valor de um dado macronutriente ultrapassar a 25% do que
seria adicionado a solução (formulação), e 50% para os micronutrientes.
(www.labhidro.cca.ufsc.br).
Em hidroponia a
condutividade elétrica deve ser inferior a 0,5 mS/cm, com uma concentração
total de sais inferior a 350 ppm. (Hanger 1986 apud Castellane e Araújo 1995).
Entretanto, Maroto (1990) apud Castellane e Araújo (1995), considera que o
ideal é menos que 200 ppm de sais totais, com cloro e sódio livres inferiores a
5 e 10 ppm, respectivamente. Quando for utilizada no sistema NfT, Lejeune e
Balestrazzi (1992) apud Castellane e Araújo (1995), consideram ser a água de
boa qualidade quando seus teores máximos de Ca, Mg, SO4 e HCO3
estão abaixo de 80, 12, 48 e 224 mg/l, respectivamente. Para ferro, boro,
flúor, zinco, cobre e manganês, os teores máximos permitidos são,
respectivamente: 1, 12; 0,27; 0,47; 0,32; 0,06 e 0,24 mg/l.
Dependendo da região, a água
pode apresentar características que interferem na solução nutritiva, como:
·
Água
com teor de cloreto de sódio (NaCl) acima de 50 ppm (50g/1000l) começa a causar
problemas de fitotoxidez e pode inviabilizar seu uso;
·
Se
a água for dura (elevado teor de íons carbonatos, HCO3), haverá
problemas de elevação do pH e indisponibilização de ferro adicionado à solução.
Também conterá sulfatos, mas o íon sulfato é macronutriente;
·
Águas
subterrâneas originadas de rochas calcáreas e dolomíticas contém bons teores de
Ca e Mg. (www.labhidro.cca.ufsc.br).
7.3 Solução
Nutritiva
Na hidroponia todos os nutrientes são oferecidos às
plantas na forma de solução. Esta solução é preparada com sais fertilizantes.
Existem vários sais que fornecem os mesmos nutrientes para as plantas, deve-se
optar por aqueles fáceis de dissolver em água, baixo custo e facilmente
encontrados no mercado. As tabelas 04 e 05 apresentam alguns dos sais mais
usados em hidroponia, sob a forma de macro e micronutrientes.
Tabela 04 – Composição
de alguns adubos empregados em hidroponia (Macronutrientes)
Adubos |
%N
|
%P
|
%K
|
%Ca
|
%Mg
|
%S
|
Nitrato de Potássio
|
14
|
-
|
36,5
|
-
|
-
|
-
|
Nitrato de Sódio e Potássio
|
-
|
-
|
-
|
-
|
-
|
-
|
(Salitre do Chile Potássio)
|
13
|
-
|
11,6
|
-
|
-
|
-
|
Nitrato de Amônio
|
34
|
-
|
-
|
-
|
-
|
-
|
Nitrato de Cálcio
|
15
|
-
|
-
|
20
|
-
|
-
|
Nitrocálcio
|
22
|
-
|
-
|
7
|
-
|
-
|
Fosfato Monoamônio (MAP)
|
10
|
21,1
|
-
|
-
|
-
|
-
|
Fosfato Diamônio (DAP)
|
18
|
20,2
|
-
|
-
|
-
|
-
|
Uréia
|
45
|
-
|
-
|
-
|
-
|
-
|
Sulfato de Amônio
|
20
|
-
|
-
|
-
|
-
|
24
|
Superfosfato Simples
|
-
|
8,8
|
-
|
20,2
|
-
|
12
|
Superfosfato Triplo
|
-
|
19,8
|
-
|
13,0
|
-
|
-
|
Fosfato de Potássio
|
-
|
24
|
31
|
-
|
-
|
-
|
Cloreto de Potássio
|
-
|
-
|
49,8
|
-
|
-
|
-
|
Sulfato de Potássio
|
-
|
-
|
41,5
|
-
|
-
|
17
|
Sulfato de Potássio e Magnésio
|
-
|
-
|
16,6
|
-
|
11
|
22
|
Sulfato de Magnésio
|
-
|
-
|
-
|
-
|
9,5
|
13
|
Fonte: Malavolta (1989) apud Teixeira (1996).
Tabela 05 – Composição
de alguns adubos empregados em hidroponia (Micronutrientes)
Adubos
|
Composição
|
Bórax
|
11% de Boro
|
Ácido Bórico
|
17% de Boro
|
Sulfato Cúprico Pentaidratado
|
25% de Cobre
|
Sulfato Cúprico Monoidratado
|
35% de Cobre
|
Quelados de Cobre
|
9 – 13% de Cobre
|
Sulfato Ferroso
|
19% de Ferro
|
Quelados de Ferro
|
5 – 14% de Ferro
|
Sulfato Manganoso
|
26 – 8% de Manganês
|
Quelado de Manganês
|
12% de Manganês
|
Molibdato de Sódio
|
39% de Molibdênio
|
Molibdato de Amônio
|
54% de Molibdênio
|
Sulfato de Zinco
|
20% de Zinco
|
Quelado de Zinco
|
14 – 19% de Zinco
|
Fonte: Malavolta (1989) apud Teixeira (1996).
Não existe uma solução nutritiva ideal para todas as
espécies vegetais e condições de cultivo. Cada espécie vegetal tem um potencial
de exigência nutricional. (Teixeira, 1996).
No Quadro 02. Apresentam-se
as relações entre os teores foliares considerados adequados de N, P, Ca, Mg e S
e os de K para diferentes culturas passíveis de serem cultivadas no sistema
hidropônico – NFT. Embora haja diferenças nos teores de nutrientes em folhas em
função de cultivares, épocas de amostragem e posição das folhas, os valores
apresentados indicam que existem diferenças entre essas relações para as
diversas espécies, considerando o desenvolvimento vegetativo adequado. (Furlani et. al. 1999).
Quadro 02 – Relações entre os teores foliares (g/kg) de N, P, Ca, Mg e S com os teores de K considerados adequados para diferentes culturas. Adaptado de Raij et. al. (1997).
Culturas |
K
|
N
|
P
|
Ca
|
Mg
|
S
|
Hortaliças de folhas |
||||||
Agrião
|
1,00
|
0,83
|
0,17
|
0,25
|
0,07
|
0,05
|
Alface
|
1,00
|
0,62
|
0,09
|
0,31
|
0,08
|
0,03
|
Almeirão
|
1,0
|
0,65
|
0,11
|
0,12
|
0,03
|
-
|
Cebolinha
|
1,0
|
0,75
|
0,08
|
0,50
|
0,10
|
0,16
|
Chicória
|
1,00
|
0,82
|
0,11
|
1,36
|
1,07
|
-
|
Couve
|
1,00
|
1,20
|
0,16
|
0,62
|
0,14
|
-
|
Espinafre
|
1,00
|
1,00
|
0,11
|
0,78
|
0,18
|
0,20
|
Repolho
|
1,00
|
1,00
|
0,15
|
0,63
|
0,15
|
0,13
|
Rúcula
|
1,00
|
0,78
|
0,09
|
0,84
|
0,07
|
-
|
Salsa
|
1,0
|
1,14
|
0,17
|
0,43
|
0,11
|
-
|
Hortaliças de frutos
|
||||||
Beringela
|
1,00
|
1,0
|
0,16
|
0,40
|
0,14
|
-
|
Ervilha
|
1,00
|
1,67
|
0,20
|
0,67
|
0,17
|
-
|
Feijão-vagem
|
1,00
|
1,43
|
1,14
|
0,71
|
0,17
|
0,11
|
Jiló
|
1,00
|
1,57
|
0,14
|
0,57
|
0,11
|
-
|
Melão
|
1,00
|
1,14
|
0,14
|
1,14
|
0,29
|
0,08
|
Morango
|
1,00
|
0,67
|
0,10
|
0,67
|
0,27
|
0,10
|
Pepino
|
1,00
|
1,22
|
0,18
|
0,56
|
0,16
|
0,13
|
Pimenta
|
1,00
|
1,00
|
0,13
|
0,63
|
0,20
|
-
|
Pimentão
|
1,00
|
0,90
|
0,10
|
0,50
|
0,16
|
-
|
Quiabo
|
1,00
|
1,29
|
0,11
|
1,14
|
0,23
|
0,10
|
Tomate
|
1,00
|
1,25
|
0,15
|
0,75
|
0,15
|
0,16
|
Hortaliças de flores |
||||||
Brócolos
|
1,00
|
1,50
|
0,20
|
0,67
|
0,17
|
0,18
|
Couve-flor
|
1,00
|
1,25
|
0,15
|
0,75
|
0,10
|
-
|
Ornamentais
|
||||||
Antúrio
|
1,00
|
1,00
|
0,20
|
0,80
|
0,32
|
0,20
|
Azaléia
|
1,00
|
2,00
|
0,40
|
1,00
|
0,70
|
0,35
|
Begônia
|
1,00
|
1,11
|
0,11
|
0,44
|
0,11
|
0,12
|
Crisântemo
|
1,0
|
1,00
|
0,14
|
0,30
|
0,14
|
0,10
|
Gloxinia
|
1,00
|
1,00
|
0,10
|
0,50
|
0,15
|
0,13
|
Gypsophila
|
1,00
|
1,25
|
0,13
|
0,88
|
0,18
|
0,12
|
Hibiscus
|
1,00
|
1,75
|
0,35
|
1,00
|
0,30
|
0,16
|
Palmeira
|
1,00
|
1,00
|
0,17
|
0,67
|
0,20
|
0,18
|
Rosa
|
1,00
|
1,60
|
0,16
|
0,60
|
0,16
|
0,21
|
Schefflera
|
1,00
|
1,00
|
0,13
|
0,50
|
0,17
|
0,16
|
Violeta-africana
|
1,00
|
0,90
|
0,10
|
0,30
|
0,12
|
0,11
|
Tal fato deve ser levado em conta quando se utiliza
uma única composição de solução nutritiva para o crescimento de variadas
espécies vegetais.
Por exemplo, quando se usa uma
única solução nutritiva para o crescimento de diferentes hortaliças de folhas,
pode-se antever que as plantas de espinafre e rúcula irão absorver maiores
quantidades de cálcio que as plantas de agrião, alface e almeirão, para cada
unidade de potássio absorvido. Se isso não foi considerado na reposição de
nutrientes, ocorrerá deficiência de Ca para essas culturas com maior capacidade
de extração. (Furlani et. al. 1999).
Os produtores desejam
freqüentemente obter uma fórmula ótima, que sirva para todas as culturas, mas
isto não é possível. Existem muitas variáveis a considerar na nutrição de
plantas, como:
·
Espécie
de planta – por exemplo a alface precisa mais de nitrogênio que o tomate;
·
Estágio
de crescimento – plantas novas gastam menos nutrientes que as mais velhas;
·
Parte
da planta que será colhida – se é folha ou fruto;
·
Estação
do ano;
·
Temperatura
e intensidade de luz.
Para que as plantas tenham
um bom desenvolvimento é necessário que haja um constante equilíbrio de
nutrientes na água que banha as raízes das plantas, ou seja, ao longo do tempo
e da formação das plantas os elementos essenciais (nutrientes) devem estar
sempre à disposição, dentro de faixas limitadas, sem escassez nem excesso.
7.3.1
Sugestões de soluções nutritivas
Nos quadros 03 e 04 são
apresentadas soluções nutritivas para tomate, pepino e alface (Castellane e
Araújo, 1995). A diferença entre a solução A e a solução B está na quantidade
de nitrato de cálcio. A solução A é usada na fase de crescimento da planta e a
solução B na fase de frutificação. Como a formação de frutas exige mais
quantidade de cálcio e nitrogênio é observado que a planta deve ter maior
quantidade destes nutrientes à sua disposição nesta fase.
Quadro 03 – Composição de soluções nutritivas 1/ para
tomates, pepino e alface em sistemas hidropônicos abertos ou fechados.
|
|
Tomate
|
Pepino
|
||
Composto
|
Nutrientes
|
______________________
|
______________________
|
||
Químico
|
Fornecidos
|
Solução A
|
Solução B
|
Solução A 2/
|
Solução B
|
Grama/1000 litros |
|||||
KNO3
|
N.K
|
200
|
200
|
200
|
200
|
MgSO4+7 H2O
|
Mg,
S
|
500
|
500
|
500
|
500
|
KH2PO4
|
K,
P
|
270
|
270
|
270
|
270
|
K2SO4
|
K, S
|
100
|
100
|
-
|
-
|
Ca(NO3)2
|
N, Ca
|
500
|
680
|
680
|
1.357
|
Fe 330 (quelado)
|
Fe
|
25
|
25
|
25
|
25
|
Micronutrientes
|
-
|
150 ml
|
150 ml
|
150 ml
|
150 ml
|
1 – Ver Quadro 04, para o manejo de micronutrientes.
2 - Para Alface, acrescentar mais 430g de Ca(NO3)2.
Quadro 04 – Preparo de solução estoque de micronutrientes.
Composto Químico
|
Nutrientes Fornecidos
|
Grama a utilizar1/
|
H3BO3
|
B
|
7,50
|
MnCl2-4H2O
|
Mn
|
6,75
|
CuCl2+2H2O
|
Cu
|
0,37
|
M0O3
|
Mo
|
0,15
|
ZnSO34+7H2O
|
Zn
|
1,18
|
Estas quantidades dos sais
são para preparar 450 ml de solução estoque. Utilize água quente para dissolver
bem os sais. Use 150 ml desta solução por 1000 litros de solução de cultivo.
Outra opção de solução
nutritiva para alface é apresentada no quadro 05.
Quadro 05 – Composição de solução nutritiva para alface
Sal/fertilizante
|
g/1.000 litros
|
Nitrato de cálcio
|
|
Hydro especial
|
1.000
|
Nitrato de potássio
|
600
|
Cloreto de potássio
|
150
|
Monoamônio fosfato
|
150
|
Sulfato de magnésio
|
250
|
Solução de micronutrientes
|
500 ml
|
Solução de Fe-EDTA
|
500 ml
|
Cloro
|
100
|
Boro
|
20
|
Ferro
|
100
|
Manganês
|
50
|
Zinco
|
20
|
Cobre
|
6
|
Molibdênio
|
0,1
|
Fonte:
Furlani, (1995).
Segundo Furlani et. al., (1999),
para quelatização do Ferro, procede-se da seguinte maneira:
Para preparar uma solução
contendo 10 mg/mL de Fe, dissolver, separadamente em cada 450 ml de água, 50 g
de sulfato ferroso e 60 g de EDTA dissódico. Após a dissolução, misturar
acrescentando a solução de EDTA à solução de sulfato ferroso. Efetuar o
borbulhamento de ar na solução obtida até completa dissolução de qualquer
precipitado formado. Guardar em frasco escuro e protegido da luz.
Ainda segundo Furlani et.
al., (1999), o Instituto Agronômico tem uma proposta de preparo e manejo de
solução nutritiva para cultivo hidropônico, destinada a diversas hortaliças de
folhas e já utilizada por muitos produtores em escala comercial. No seu
preparo, são usadas as quantidades de sais/fertilizantes, conforme consta do
quadro 06.
Quadro 06 – Quantidades de sais para o preparo de 1.000 L
de solução nutritiva – proposta do Instituto Agronômico (Furlani, 1998).
Nº
|
Sal ou fertilizante
|
g/1.000L
|
1
|
Nitrato de cálcio Hydros® Especial
|
750
|
2
|
Nitrato de potássio
|
500
|
3
|
Fosfato monoamônio
|
150
|
4
|
Sulfato de magnésio
|
400
|
5
|
Sulfato de cobre
|
0,15
|
6
|
Sulfato de zinco
|
0,5
|
7
|
Sulfato de manganês
|
1,5
|
8
|
Ácido bórico ou
Bórax
|
1,5
2,3
|
9
|
Molibdato de sódio ou
|
0,15
|
|
Molibdato de amônio
|
0,15
|
10
|
Tenso-Fe® (FeEDDHMA-6% Fe) ou
|
30
|
|
Dissolvine® (FeEDTA-13% Fe) ou
|
13,8
|
|
Ferrilene® (FeEDDHa-6% Fe) ou
|
30
|
|
FeEDTANa2 (10mg/mL de Fe)
|
180 mL
|
7.3.2 Preparo
da Solução Nutritiva
No preparo da solução
nutritiva existe uma seqüência correta de adição de sais. Descreveremos passo a
passo o preparo de uma solução nutritiva.
· O composto são pesados
individualmente, identificados e ordenados próximo ao reservatório onde será
preparada a solução nutritiva. Esta operação deve ser cuidadosa, pois qualquer
engano nesta etapa poderá comprometer todo o sistema.
· Nos sacos estão as misturas
de macronutrientes, mas sem a fonte de cálcio. Os sais são misturados a seco, o
cálcio não pode entrar, porque forma compostos insolúveis com fosfatos e
sulfatos.
· A mistura é dissolvida em um
recipiente com água e depois jogada no reservatório. Ao colocar a mistura no
reservatório ele já deverá estar cheio pela metade.
· O sal de cálcio é dissolvido
separadamente e adicionado em seguida, depois vem a mistura de micronutrientes
que poderá ser preparado em maior quantidade e armazenada.
· A mistura de micronutrientes
não contêm o ferro, basta medir a quantidade certa e jogar no tanque.
· Após acrescentar os
micronutrientes completa-se o nível da solução no reservatório e mistura-se
bem.
· A seguir faça a medição do
pH, ele deverá ficar na faixa de 5,5 a 6,5. Se estiver mais alto que isto adiciona-se
ácido sulfúrico ou ácido clorídrico. O ácido deve ser misturado com um pouco de
água e depois ser colocado aos poucos no reservatório. Mistura-se bem e mede-se
de novo o pH, faça isto até chegar ao valor certo. Se o pH estiver abaixo de
5,5 faz-se a correção com hidróxido de potássio ou hidróxido de sódio.
· No final acrescenta o ferro,
pois ele é pouco solúvel e deve ser colocado na forma complexada com EDTA para
ficar dissolvido e disponível para as plantas. Quando é colocado puro ele
precipita e as plantas não conseguem absorvê-lo.
7.3.3 Manejo
da solução
Segundo Alberoni (1998),
após o preparo da solução, existem alguns fatores que devem ser controlados
para o completo e perfeito desenvolvimento da planta, aproveitando ao máximo a
solução nutritiva:
·
Temperatura – a temperatura da solução
não deve ultrapassar os 30ºC, sendo que o ideal para a planta é a faixa de 18ºC
a 24º C em períodos quentes (verão) e 10ºC a 16ºC em períodos frios (inverno).
Temperaturas muito acima ou abaixo desses limites causam danos à planta, bem
como uma diminuição na absorção dos nutrientes e, conseqüentemente, uma menor
produção, com produtos de baixa qualidade, que serão vendidos a preços mais
baixos.
·
Oxigênio – a oxigenação da solução é muito
importante. É preciso utilizar uma boa água e oxigenar a solução constantemente
para obter um bom nível de absorção dos nutrientes. A oxigenação pode ser feita
durante a circulação da solução no retorno ao reservatório ou com a aplicação
de ar comprimido ou oxigênio.
·
Pressão osmótica – quando se dissolvem sais
na água, sua pressão osmótica aumenta, ou seja, a tendência que a solução tem
de penetrar nas raízes diminui, até o ponto que deixa completamente de penetrar
e começa a retirar a água das plantas. Isso ocorre pelo fato de a água se
movimentar de um meio hipotônico para um meio hipertônico ou, digamos, de um
meio menos concentrado para um meio mais concentrado. Por isso, a solução deve
conter os nutrientes nas proporções adequadas, mas suficientemente diluídas
para não causar danos. A pressão osmótica ideal está entre 0,5 a 1,0 atmosfera
(atm.).
·
Condutividade elétrica – esse controle é de grande
importância, pois determina quanto adubo há na solução (quantidade de íons).
Quanto mais íons tivermos na solução, maior será a condutividade elétrica, e
vice-versa. Há um aparelho que mede a condutividade: o condutivímetro. Na
utilização desse aparelho, as medidas ideais da solução ficam na faixa de 1,5 a
3,5 miliSiemens/cm, que corresponde a 1.000 à 1.500 ppm de concentração total
de íons na solução. Valores acima dessa faixa são prejudiciais à planta,
chegando a sua total destruição.
Valores
inferiores indicam a deficiência de algum elemento, embora não se saiba qual e
em que quantidade. A resposta só pode ser obtida com a análise química
laboratorial da solução nutritiva.
·
pH – o pH da solução nutritiva é tão importante quanto
a condutividade elétrica, pois as plantas não conseguem sobreviver com valores
abaixo de 3,5. Os seus efeitos podem ser diretos, quando houver efeito de íons
H+ sobre as células; ou indiretos, quando afetam a disponibilidade
de íons essenciais para o desenvolvimento da planta.
A solução pode ser
apresentar ácida, alcalina ou neutra. Valores baixos (acidez < 5,5) provocam
uma competição entre o íon H+ e os diversos cátions essenciais (NH+-,
Ca2+, Mg2+, K+, Cu2+, Fe2+,
Mn2+, Zn2+) e valores elevados acidez > 6,5 e
alcalinidade) favorecem a diminuição de ânios (NO3-, H2PO42-,
MoO4-). Valores inadequados podem levar à precipitação de
elementos.
Apesar de todos os fatores
acima mencionados serem importantes no manejo da solução nutritiva, três
aspectos devem sofrer controle diário, entre eles:
1º) Complementação do volume
gasto sempre com água;
2º) Ajuste do pH da solução;
3º) Monitoramento do consumo
de nutrientes através da condutividade elétrica da solução.
A – Nível da Solução Nutritiva
A solução é consumida pela
planta e diariamente observa-se uma redução do seu volume no tanque de solução.
Esse volume deverá ser reposto todos os dias não com solução nutritiva e sim
com água pura. Pois as plantas absorvem muito mais água do que nutrientes e
como a solução nutritiva é uma solução salina a reposição diária com solução
leva a uma salinização deste meio, chegando a um ponto que a quantidade de sais
dissolvida é maior do que as raízes podem suportar. Se isto ocorrer as plantas
cessam seu crescimento, devido não a falta de nutrientes, mas a um potencial
osmótico muito elevado no sistema radicular.
B – pH da Solução Nutritiva
Durante o processo de
absorção de nutrientes as raízes das plantas vão alterando o pH da solução
nutritiva. Esse pH significa a acidez ou basicidade da solução nutritiva. As
plantas têm o seu desenvolvimento máximo entre pH 5,5 a 6,5 e à medida que elas
crescem elas alteram esse pH da solução nutritiva. Por essa razão diariamente
após completar o volume da solução com água o pH da solução deve ser medido, Se
estiver fora desta faixa de 5,5 a 6,5, ele deverá ser ajustado com ácido se
estiver acima de 6,5 e, com base caso esteja abaixo de 5,5: isto é importante
para que a planta tenha condições de absorver todos os nutrientes na quantidade
que ela necessitar para o seu crescimento.
C – Condutividade Elétrica
À medida que as plantas
crescem os nutrientes da solução vão sendo consumidos e esta solução vai se
esgotando. Chega a um ponto que a solução não consegue mais fornecer os
nutrientes necessários ao desenvolvimento das plantas. Nesse ponto a solução
deve ser trocada. Um dos maiores problemas é saber quando esta troca deve ser
realizada. É muito comum que se usem intervalos iguais entre trocas, o que não
é correto, pois no início do desenvolvimento as plantas consomem muito menos
que no final do seu desenvolvimento.
Para contornar esta situação
a maneira mais fácil e simples é usar um condutivímetro. Uma solução que contêm
sais tem a capacidade de conduzir a corrente elétrica. Essa capacidade de
condução da corrente elétrica é tanto maior quanto maior a concentração de sais
dissolvidos na solução. Assim através da redução na condutividade elétrica é
possível saber quando é necessário fazer a troca da solução nutritiva.
Um exemplo de manejo da
solução nutritiva é sugerido pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC),
citado por Furlani et. al. (1999), que utiliza o critério da manutenção da
condutividade elétrica, mediante a adição de solução de ajuste com composições
químicas que apresentam uma relação entre os nutrientes semelhante à extraída
pela planta cultivada. Furlani et. al. (1999) sugere as formulações
constantes dos quadros 06 e 07 para o preparo e manejo da solução nutritiva
respectivamente.
Após a adição da última
solução concentrada, acrescentar água até atingir o volume de 1.000 L. Tomar a
medida da condutividade elétrica. O valor da condutividade elétrica (CE) da
solução nutritiva do IAC situa-se ao redor de 2,0 mS ou 2.000 mSou 1.280 ppm ou 20 CF (1 mS = 1.000 mS; 640 ppm = 1.000 mS; 1 CF = 100 mS). Pequena variação poderá
ser encontrada em função da composição química da água usada para o seu
preparo.
No caso de se optar pelo uso
de uma solução nutritiva com condutividade de 1,0 ou 1,5 mS ou 1.000 ou 1.500 mS (recomendado para o verão e para locais de
clima quente – região Norte e Nordeste), basta multiplicar por 0,50 ou 0,75 os
valores das quantidades indicadas dos macronutrientes, mantendo em 100% os
micronutrientes.
É conveniente que o volume
do depósito seja completado quantas vezes forem necessárias durante o dia para
evitar elevação muito grande na concentração salina da solução nutritiva. Para
o manejo da solução durante a fase de desenvolvimento das plantas, seguir o
seguinte procedimento: (a) diariamente, logo pela manhã, fechar o registro de
irrigação, esperar toda a solução voltar ao depósito e completar o volume do
reservatório com água e homogeneizar a solução nutritiva; (b) proceder à
leitura da condutividade elétrica, retirando uma amostra do reservatório; (c)
para cada diferença na condutividade inicial de 0,25 mS ou 250 mS ou 150 ppm, adicionar 1 L da solução A, 1 L
da solução B e 50 mL da solução C (Quadro 07). Para os micronutrientes, a
reposição também pode ser semanal, em vez de diária, através da solução C,
adicionando 25% da quantidade de Fe e 50% dos demais micronutrientes, conforme
o quadro 06; (d) após a adição das soluções e homogeneização da solução
nutritiva, efetuar nova leitura; caso esteja na faixa adotada, abrir o registro
de irrigação das plantas. É conveniente manter o reservatório de solução
nutritiva sempre em nível constante, acrescentando água para repor o volume
evapotranspirado. Se for favorável, o volume poderá ser completado à tarde e a
condutividade elétrica medida e corrigida na manhã do dia seguinte.
Quadro 07 – Composição das soluções de ajuste para as
culturas de hortaliças de folhas.
Solução
|
Sal ou fertilizante
|
Quantidade
|
|
|
g/10L
|
A
|
Nitrato de potássio
|
1.200
|
|
Fosfato monoamônio purificado
|
200
|
|
Sulfato de magnésio
|
240
|
B
|
Nitrato de cálcio Hydros® especial
|
600
|
C
|
Sulfato de cobre
|
1,0
|
|
Sulfato de zinco
|
2,0
|
|
Sulfato de manganês
|
10,0
|
|
Ácido bórico ou
|
5,0
|
|
Bórax
|
8,0
|
|
Molibdato de sódio ou
|
1,0
|
|
Molibdato de amônio
|
1,0
|
|
Tenso-Fe® (Fe EDDHMA-6% Fe) ou
|
20,0
|
|
Dissolvine® (FeEDTA-13% Fe) ou
|
10,00
|
|
Ferrilene® (FeEDDHA-6% Fe) ou
|
20,0
|
|
FeEDTANa2 (10 mg/ml de Fe)
|
120 ml
|
Como conseqüência dessas adições ao longo do tempo para
repor as perdas por evapotranspiração (o consumo médio de água num cultivo de
alface hidropônica situa-se entre 75 a 100 ml/planta/dia), poderá ocorrer
desequilíbrio entre os nutrientes na solução nutritiva, com excesso de Ca e Mg
em relação a K. Para contornar esse desequilíbrio, deve-se proceder à análise
química da solução nutritiva e efetuar as correções nos níveis dos nutrientes,
ou então renovar a solução nutritiva quando as quantidades dos nutrientes
acrescentados com a água atingirem valores maiores do que os iniciais.
A renovação da solução
nutritiva também é recomendada para evitar aumento nas concentrações de
material orgânico (restos de planta, exsudados de raízes e crescimento de
algas) que pode servir como substrato para o desenvolvimento de microorganismos
maléficos. Além disso, quando a água usada para o cultivo hidropônico
apresentar CE entre 0,2-0,4 mS, há uma indicação que possui sais dissolvidos
(carbonatos, bicarbonatos, Na, Ca, K, Mg, S, etc.) e com o tempo de cultivo e
sua constante adição para repor as perdas evapotranspiradas, ocorrerá uma
diminuição gradativa da CE efetiva dos nutrientes em função do acúmulo de
elementos indesejáveis.
8. Produção de
Mudas para Hidroponia
Os produtores hidropônicos podem
produzir suas próprias mudas ou adquirir as mesmas de viveiros idôneos que
produzam mudas sadias e com garantia de qualidade.
No caso de se optar por
produzir as próprias mudas os produtores devem adquirir sementes de firmas
idôneas e escolher as variedades adaptadas à região.
Além de verificar a
qualidade fisiológica, sanitária e genética, deve-se adquirir de preferência,
sementes peletizadas, que facilitam o trabalho de plantio, pois facilitam a
semeadura e dispensam o desbaste. As sementes peletizadas têm alto vigor, poder
germinativo superior a 90%, pureza superior a 99% e homogeneidade de
germinação.
As sementes peletizadas
recebem tratamento denominados “priming”, que reduz o problema da maioria dos
cultivares como a fotodormência (luz para poder germinar) e a termodormência
(não germina em temperaturas acima de 23ºC). Embora esse tratamento seja muito
eficiente para acelerar o processo de germinação, reduz a longevidade das
sementes. Portanto, após a abertura de uma lata de sementes, mesmo com armazenamento
adequado, deve-se consumí-la rapidamente (Furlani et. al., 1999).
Segundo Alberoni (1998), as
mudas devem ser produzidas em estufa-maternidade, coberta por filme plástico aditivado
anti-UV e antigotejo, fechada lateralmente por tela sombrite 50%, que evita a
entrada de 50% de luz e de insetos transmissores de doenças. A
estufa-maternidade deve permanecer sempre limpa e muito bem fechada,
evitando-se a entrada de pessoas que possam trazer qualquer tipo de
contaminação.
São quatro os principais
tipos de substratos usados para produção de mudas para cultivo hidropônico. São
eles: substrato organo-mineral, vermiculita, algodão hidrófilo e espuma
fenólica. Atualmente, tem-se usado muito a espuma fenólica, por uma série de
vantagens que apresenta quando comparada com os outros substratos.
Segundo Furlani et. al. (1999), a espuma fenólica é um substrato estéril, de
fácil manuseio e que oferece ótima sustentação para as plântulas, reduzindo
sensivelmente os danos durante a operação de transplantio. Dispensa tanto o uso
de bandejas de isopor como a construção do “floating”, pois após a emergência
as mudas são transplantadas diretamente para os canais de crescimento. É
comercializado em placas com 2 cm ou 4 cm de espessura e com células
pré-marcadas nas dimensões de 2 cm x 2 cm.
A seguir, é apresentado o
procedimento recomendado para produção de mudas em placas de espuma fenólica.
a) Dividir a placa de espuma
fenólica ao meio:
b) Lavar muito bem cada
placa com água limpa. Uma maneira fácil de efetuar essa operação é enxaguar as
placas diversas vezes para eliminar possíveis compostos ácidos remanescentes de
sua fabricação. O uso de um tanque com dreno facilita o trabalho. Para evitar que
a placa de espuma se quebre, usar um suporte com perfurações que poderá ser,
por exemplo, a parte dorsal (base) de uma bandeja de isopor ou uma chapa de
madeira, plástico, PVC ou acrílico com perfurações de 0,5-1,0 cm de diâmetro,
alocadas de forma aleatória. Essas perfurações auxiliam a drenagem do excesso
de água da espuma fenólica;
c) Caso as células não
estejam perfuradas para a semeadura, efetuar as perfurações usando qualquer
tipo de marcador com diâmetro máximo de 1,0 cm, cuidando para que os orifícios
fiquem com no máximo 1 cm de profundidade. O orifício de forma cônica
possibilita melhor acomodamento da semente e evita compactação da base,
favorecendo a penetração da raiz na espuma fenólica.
d) Efetuar a semeadura
conforme determinado para cada espécie de hortaliça. No caso da alface, usar
apenas uma semente se for peletizada, ou no máximo três, se se tratar de
sementes nuas (nesse caso, há necessidade de efetuar o desbaste após a
emergência, deixando apenas uma plântula por célula). Para as outras hortaliças
de folhas, como rúcula, agrião d’água, almeirão, salsa e cebolinha, usar quatro
a seis sementes por orifício;
e) Após a semeadura, caso
haja necessidade, irrigar levemente a placa com água, usando um pulverizador ou
regador com crivo fino;
f) Colocar a bandeja com a
placa já semeada em local apropriado para a germinação de sementes (temperatura
amena e com pouca variação: de 20 a 25ºC). É comum não haver necessidade de
irrigação da espuma durante o período de 48 horas após a semeadura. Entretanto,
se for preciso, umedecer a placa de espuma fenólica por subirrigação, usando
apenas água;
g) No período de quarenta e
oito a setenta e duas horas após a semeadura, transferir as placas para a
estufa, acomodando-as num local com luminosidade plena. Iniciar a subirrigação
com a solução nutritiva diluída a 50%. A espuma deve ser mantida úmida, porém
não encharcada. Quando a semente iniciar a emissão da primeira folha verdadeira
(cerca de 7 a 10 dias após a semeadura), efetuar o transplante das células contendo
as plantas para a mesa de desenvolvimento das mudas, mantendo um espaçamento
entre células de 5 cm x 5 cm, caso essa mesa tenha canaletas de PVC de 50 mm,
ou 7,5 cm x 5 cm, caso seja feita com telha de fibrocimento de 4 mm. Para
facilitar o transplante das células de espuma para a canaleta, usar uma pinça
(tira dobrada) de PVC com 1 cm de largura) para auxiliar a colocação de cada
muda no fundo da canaleta. O orifício na placa de isopor de cobertura da mesa
deve ser de no máximo 3,5 cm de diâmetro.
h) Quando da transferência
das mudas para a mesa definitiva ou para a mesa intermediária, tomar cuidado
para que o sistema radicular fique bem acomodado na canaleta de crescimento. O
cubo de espuma fenólica permanece intacto com a planta até a fase final de
colheita.
9. Doenças e
Pragas na Hidroponia
Quando se trabalha com
hidroponia, a incidência de pragas e doenças é menor. Quando ocorrem,
entretanto, é difícil decidir o que fazer: os produtos que controlam são
testados para registro em cultivo tradicional e, por outro lado, um dos pontos
fortes para a comercialização do produto hidropônico é poder propagar que não
se emprega fungicidas e inseticidas no processo de cultivo. (Teixeira, 1996).
Produzir em hidroponia não
significa, necessariamente, produzir sem agrotóxicos. Mesmo em hidroponia,
ocorrem doenças e ataques de insetos. Naturalmente que as ocorrências são
esporádicas, pois as plantas são mais protegidas das adversidades do clima, dos
patógenos e dos insetos, além de serem melhor nutridas durante o ciclo.
Por outro lado, uma estufa
mal planejada, ou um manejo inadequado das cortinas, ou ainda uma solução
nutritiva com problemas, pode favorecer o ataque de doenças. Um ambiente
quente, úmido e mal ventilado é “doença na certa”. Na hidroponia, uma vez
estabelecida a doença, seu alastramento é rápido e fulminante. O mesmo acontece
quando se permite o ataque de insetos. Uma vez estabelecido uma infestação,
tem-se que tomar medidas rápidas de controle, principalmente quando se pretende
produzir sem agrotóxicos. (www.labhidro.cca.ufsc.br).
As principais doenças que
ocorrem em hidroponia atingem principalmente as raízes (contaminação da fonte
de água) e, uma vez introduzidas, são altamente favorecidas pelo sistema, pelas
seguintes razões:
·
cultivo
adensado – proximidade entre as plantas, facilitando o contato das sadias com
as contaminadas;
·
temperatura
e umidade ideais ao desenvolvimento do fitopatógeno;
·
uniformidade
genética – utiliza-se do plantio de uma ou, no máximo, duas variedades
diferentes;
·
facilidade
de disseminação em todo o sistema, através da solução recirculante;
·
liberação
de exudatos, atrativos para os patógenos.
Existem diversas formas pela
qual um patógeno pode ser introduzido no sistema: ar, areia, solo, turfa,
substratos, água, insetos, ferramentas e sementes, entre outras.
·
A
areia, constituinte do piso das estufas, pode conter propágulos de Pythium sp. Com relação aos patógenos de
raiz, poucos são disseminados pelo ar, mas causa preocupação o Fusarium oxysporum, causador da podridão
da raiz do tomateiro.
·
A
utilização de sementes cujos fabricantes dão garantia de qualidade e sanidade
evita a ocorrência de muitas doenças.
·
Os
substratos utilizados devem ser inertes, pois no caso do uso de turfas pode
haver contaminação por Pythium, Fusarium ou Thelaviopsis.
·
Alguns
insetos, que normalmente ocorrem em um sistema hidropônico, não são
considerados pragas e, com isso, não recebem a menor atenção. Mas eles podem
ser importantes transmissores de patógenos, tanto pela sua introdução no
sistema como pela sua disseminação. (Alberoni, 1998).
Quando ocorre a contaminação
do sistema hidropônico o controle é difícil, uma vez que os patógenos se
disseminam rapidamente, principalmente através da solução nutritiva, não sendo
recomendados os métodos utilizados no cultivo convencional.
O que se pode recomendar é,
em primeiro lugar, que se mantenha a instalação limpa. Quando não se puder
evitar os produtos para controlar a infestação, trabalhar, sempre que possível,
com produtos biológicos, caso contrário, então, empregar os produtos químicos
menos tóxicos e respeitar os prazos de carência. (Teixeira, 1996).
Muitas vezes é necessária a
adoção de mais de um método de controle, sendo eles:
·
Controle
da temperatura da solução nutritiva – cada patógeno tem uma temperatura ideal e
tolerante para o seu desenvolvimento;
·
Arrancar
imediatamente as plantas contaminadas;
·
Identificar
qual a doença ou praga e estudar tudo sobre ela;
·
Retirar
a solução nutritiva para a desinfecção do reservatório e de toda a tubulação;
·
Trocar
a solução e desinfetar as instalações mais rapidamente;
·
Antecipar
as colheitas, podendo chegar ao caso de colocar duas ou mais plantas por
embalagem de venda;
·
Rever
o que pode ser melhorado nas estruturas, no manejo e na solução nutritiva;
·
Anotar
a época de ocorrência da contaminação para se prevenir no próximo ano;
·
Tentar
modificar as condições que são ótimas para o desenvolvimento do patógeno.
Segundo Alberoni (1998),
dadas as dificuldades do controle dos patógenos e a não existência de produtos específicos
para a hidroponia, a única solução é a prevenção, ou seja, a profilaxia;
·
utilizar
água de boa qualidade;
·
reservatórios
protegidos de contaminação;
·
lavar
as bancadas, canais e equipamentos com cloro ativo a 0,1%;
·
utilizar
variedades resistentes;
·
utilizar
substratos inertes;
·
sementes
sadias e sementeiras isoladas do sistema de produção;
·
evitar
a entrada de insetos, principalmente na área de produção de mudas;
·
proibir
a entrada de pessoas estranhas ao sistema;
·
evitar
que fumem dentro do sistema: o fumo contém um vírus que pode infectar toda a
produção.
Em relação ao cultivo
convencional, a ocorrência de patógenos relacionados à hidroponia é
relativamente menor. Registrou-se até o momento a ocorrência de apenas quatro
viroses:
·
lettuce bib vein virus (vírus da grande nervura da
alface);
·
melon necrotic spot virus (vírus da mancha necrótica
do melão);
·
tomato mosaic virus (vírus do mosaico do
tomateiro);
·
cucumber green mottle mosaic
virus
(vírus do mosaico mosqueado do pepino verde).
Duas bacterioses:
·
Clavibacter michigenense
·
Xanthomonas salacearum
E 20 fúngicas, sendo que os
fungos aqui listados, além de serem os mais freqüentes, são causadores de uma
real perda econômica:
·
Colletotrichum
·
Fusarium
·
Thielaviopsis
·
Verticillium
·
Pythium
·
Phytophtora
·
Plasmopara
·
Cercospora
·
Bremia
Os fungos zoospóricos (Phytophtora, Plasmopara) têm uma fase do
seu ciclo vital em que produzem esporos móveis, favorecidos por ambientes
aquáticos. Uma vez introduzido esse zoósporo no sistema, ele é facilmente
disseminado pelas plantas através da solução.
Deve-se considerar que,
devido ao microclima formado, a hidroponia pode funcionar na pressão de seleção
para a ocorrência de novos patógenos, extremamente adaptáveis a essa condição.
Por outro lado, patógenos considerados secundários no solo podem adquirir
níveis epidêmicos, ocasionando perdas econômicas, como o caso de Cercospora sp.
O acúmulo de etileno e CO2
na solução pode causar a “podridão das raízes” sem, no entanto, haver causa
patológica. São encontrados, no local, microorganismos saprófitos que colonizam
os tecidos mortos.
10. Referências Bibliográficas
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plantio de hortaliças dispensando o uso do solo – Alface, Rabanete, Rúcula,
Almeirão, Chicória, Agrião. São Paulo: Nobel, 1998. 102p.
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Sucesso. Charqueada: Estação Experimental de Hidroponia “Alface e Cia”, 1997.
120p.
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. Acesso em: 23 jun. 2003.
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hidroponia. 2ª ed. Jaboticabal: Funesp, 1995. 43p.
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